sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Lista de livros Fuvest e Unicamp.

A lista de livros obrigatórios dos vestibulares da Fuvest e da Unicamp ficou muito mais “densa e complexa” com a substituição de quatro obras anunciada nesta quinta-feira (19) pelas instituições. Esta é a opinião do professor Rogério Fallaci. Segundo ele, a entrada dos livros Viagens na minha terra", de Almeida Garrett; "Til", de José de Alencar; "Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis; e "Sentimento do mundo", de Carlos Drummond de Andrade, vai exigir um estudo muito maior dos vestibulandos. As obras serão exigidas nos vestibulares do final deste ano (Fuvest 2013 e Unicamp 2013).

Da lista anterior, saíram “Auto da barca do inferno”, “Iracema”, “Dom Casmurro” e “Antologia Poética”. Para o professor, com exceção do romance “Til”, os três outros novos livros trazem tensões internas muito densas e vai exigir do estudante uma capacidade perceptiva muito maior para analisar a elaboração estética e cultural da obra e sua conexão com o contexto histórico.

'Auto da barca do inferno' dá lugar a "Viagens na minha terra' (Foto: Reprodução)'Auto da barca do inferno' dá lugar a "Viagens na
minha terra' (Foto: Reprodução)

“De Gil Vicente para Almeida Garrett, damos um salto do humanismo para o romantismo na literatura portuguesa. Gil Vicente é um produto muito mais visível desse período de transição da idade média para a idade moderna. Já “Viagens na minha terra” é uma obra muito mais complexa que “Auto da barca do inferno” do ponto de vista contextual e estrutural.
“Viagens da minha terra”, de 1846, é uma obra que mistura um relato de viagens com diário e a história da literatura portuguesa. Quando D. Pedro I volta a Portugal e assume o trono cria-se um período progressista de liberdade, Garrett volta do exílio e escreve a obra. Ele vai defender o governo e insere dentro do livro uma noveleta “A menina dos rouxinóis”, tragédia que mistura ficção e realidade. A obra vai gerar a referência histórica para o início de “A cidade e as serras”, de Eça de Queiroz, que continua na lista dos vestibulares.
José de Alencar segue no vestibular, agora com a obra 'Til' (Foto: Reprodução)José de Alencar segue no vestibular, agora com a
obra 'Til' (Foto: Reprodução)
Para o aluno, a dica para quem vai prestar vestibular no final do ano é já começar a ler o livro e buscar aulas sobre a obra. Somente a leitura pode não ser suficiente para compreender tudo o que está envolvido. É muita coisa para se absorver porque tem muita relação com o momento histórico de Portugal."

"O livro “Til”, de 1872, é um romance regionalista, de fazenda. Ele desdobra dramas do interior do Brasil com uma trama, uma das especialidades de José de Alencar. O autor faz um retrato da cultura do interior do estado do Rio de Janeiro e suas conexões com a cultura urbana da capital. É um romance inferior à importância de “Iracema”, e em se tratando dessa referência de cultura urbana.
Na minha opinião, seria melhor que Fuvest e Unicamp tivesse escolhido uma obra como “Senhora”, que é muito mais contundente e complexo do que “Til”. O livro vai exigir do vestibulando analisar o choque entre as culturas urbanas e rural e perceber como Alencar é bom para caracterizar tipos, costumes e contextos."
'Dom Casmurro' deu lugar a 'Memórias póstumas de Brás Cubas', também de Machado de Assis (Foto: Divulgação/Editora Martin Claret)'Dom Casmurro' deu lugar a 'Memórias póstumas de
Brás Cubas', também de Machado de Assis (Foto:
Divulgação/Editora Martin Claret)

"A obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas” contém a síntese da obra madura e pessimista de Machado de Assise destaca a sua visão de mundo de maneira mais contundente e aberta.
Não dá para dizer, em comparação a “Dom Casmurro”, qual das duas obras é a melhor. Em “Brás Cubas”, de 1881, inaugura o realismo no Brasil ao lado de “O mulato”, de Aluísio Azevedo. Na obra, Machado está mais próximo às linhas do realismo do que em “Dom Casmurro”, que já é quase século XX (1899).
O autor faz no livro o retrato do contexto cultural do Brasil. Machado de Assis dá a sustentação em duas linhas filosóficas: o pessimismo de Arthur Schopenhauer e o niilismo, de Friedrich Nietzsche, com mais uma carga de ironia e crítica social. O livro mostra as angústias humanas, jogo das relações de interesses e vícios sociais. A obra rompe com todas as propostas anteriores do romantismo.
O vestibulando deve se atentar que “Brás Cubas” tem como base “Viagem da minha terra”. O processo de construção metalinguístico de Garrett é uma referência de Machado de Assis."
Vinicíus de Moraes e Carlos Drummond de Andrade (Foto: TV Globo/Reprodução)Saiu Vinicíus de Moraes e entrou Carlos Drummond
de Andrade (Foto: TV Globo/Reprodução)

"De ponto de vista mais intelectual, Carlos Drummond de Andrade transcende Vinicius de Morais. Drummond é considerado o maior poeta da literatura brasileira ao lado de Manoel Bandeira. Este livro “Sentimento do mundo” foi publicado em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial. É uma visão universal dos dramas humanos que estava se passando em termos de inquietude, fragilidade e insegurança diante da guerra, não só o Brasil, mas todo o mundo. Os desdobramentos desse derramamento de sangue diante da guerra devastadora, aquilo encerra a cultura moderna.
Drummond projeta no livro este momento fulgurante com poemas magníficos que correspondem a um segundo momento de sua produção literária, no qual ele se preocupa com o Estado Novo de Getúlio Vargas e os horrores da Segunda Guerra. Tem um poema chamado “Eligia 1938” que fala sobre a explosão da ilha de Manhattan. Sem querer, Drummond relata o que viria a ser os ataques de 11 de Setembro (2001). Diz o verso final: “Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan”."

Porquê tenho que usar esse por que.

Porquê tenho que usar esse Por que - OFICINA DO ESTUDANTE

E aí, gente, tudo bom?
*Gramaticando é uma sessão do colégio no qual eu escrevo a cada 15 dias.


É com grande prazer que escrevo esse primeiro texto para o Gramaticando.

qual a diferença entre os quatro “porquês” do nosso idioma e quando devo utilizar cada um deles?

Essa dúvida é recorrente nos plantões de dúvidas do cursinho e a resposta é bem simples.

Por que

O primeiro tipo é o “separado e sem acento”. Basicamente ele é composto pela preposição por e o pronome interrogativo que e é sinônimo da expressão por qual razão e é empregado em PERGUNTAS, como “Por que você faltou ontem?”

Ele ainda possui um segundo uso mais incomum, quando é formado pela preposição por e o pronome relativo que. Esse é sinônimo de PELO QUAL, visto em “sei bem por que faltou”.

Porque

O segundo é o “junto e sem acento”. Diferentemente do outro, temos agora uma conjunção causal explicativa, ou seja, relaciona fatos a fim de justificar algo, sendo utilizado em RESPOSTAS, como em “Faltei ontem porque estava doente” (repare que ele ligou a informação da falta e o motivo dela).
Porquê tenho que usar esse Por que - OFICINA DO ESTUDANTE

Porquê tenho que usar esse Por que - OFICINA DO ESTUDANTE
Por quê

Como terceiro temos o “separado com acento” que também é idêntico ao primeiro morfologicamente (preposição por e pronome interrogativo que). Também deve ser usado em PERGUNTAS, com a diferença é que o pronome QUE deve ser acentuado caso apareça SEGUIDO POR UM SINAL DE PONTUAÇÃO (o motivo disso será discutido futuramente em outra semana). Um exemplo existe na frase “Você faltou ontem por quê?” (repare que existe sinal de pontuação após o pronome interrogativo, causando o acento).

Porquê

O quarto e último tipo, diferentemente dos outros, é um substantivo e é sinônimo de RAZÃO, sendo usado sempre nesse sentido. Quase sempre ele vem acompanhado por algum artigo, como em “O porquê da minha falta foi minha doença” (repare que esse porquê é sinônimo de razão/motivo e veio junto ao artigo definido O).

Juntando todos em uma conversação normal, teríamos:

- Por que matemática é tão difícil???
- Difícil só se for pra você. Posso imaginar por que pensa isso. Deve ser porque você prefere humanas a exatas e, normalmente, vocês não entendem a magia dos números.
- Nossa, você diz isso por quê? Aposto que o porquê desse mal-humor é que foi mal na redação.
- Deixa pra lá... Vamos estudar que ganhamos mais.

Espero que essa explicação tenha sido válida. Ficou alguma dúvida? Surgiu outra? Não fique com ela, mande um e-mail para nós que ela será respondida.

Obrigado pela atenção, um beijo no coração e até a próxima!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Argumentação

1 - Causa e consequência:

O jovem contesta PORQUE quer conhecer os seus limites e saber até onde pode crescer.

COMO quer conhecer seus limites e saber até onde pode crescer, o jovem contesta.

2- Reciprocidade

Tanto o homem quanto o rico devem ter acesso à educação, pois ela é um direito assegurado pela Constituição.

3- Comparação ( Analogia)
No Brasil a renda dos 50% mais pobres equivale à metade da renda dos 2% mais ricos.

4- O posição enfraquecida

Embora a maioria saiba que se contrai Aids a partir do contato direto com o sangue ou com o esperma de pessoas infectadas ainda há quem usa seringas coletivas e/ou mantém relações sexuais sem proteção de preservativo.

5- Dedução

Aids se contrai a partir do contato com o sangue ou com o esperma de pessoas infectadas. Quem se droga com seringas coletivas e/ou mantém relações sexuais sem proteção de preservativos tem mais chances de contraí-las.

6- Indução
Uma criança pode ser abandonada pelos pais, duas ou dez crianças podem ser abandonadas pela família e pelos seus responsáveis imediatos, sete milhões de crianças só podem ser abandonas pela coletividade.

Perca / Perda

Confusão das mais comuns, cada uma das palavras se aplica a um contexto específico.

  • PERCA não funciona como substantivo. Ou presente do subjuntivo, ou imperativo - afirmativo e negativo.
- Espero que perca! Não é merecedor de tal prêmio.
- Embora eu perca, darei continuidade aos meus projetos.
- Não perca isso, por favor.

  • PERDA é um substantivo deverbal: formado de perder. Pode vir acompanhado de artigo, adjetivo, pronome, numeral, etc.
- As bolsas de todo o mundo amargaram perdas consecutivas.
- Infelizmente, perda total. Acione sua seguradora o quanto antes.

Ferramentas para REDAÇÃO

A importância da cultura Geral na REDAÇÃO
Uma analogia só funciona bem se o autor for capaz de:
a) Ler adequadamente o tema:
-Analisar  suas várias implicações: sociais, políticas, econômicas e sociais.
-Selecionar apenas as implicações que lhe interessam.
b) Interpretar as entrelinhas:
-Quais as intenções de quem deu o tema? Por que exatamente esse tema?
-O que esse tema tem a ver comigo? Com o meu universo social? Com o mundo em que vivo?
-O que é senso comum nos textos auxiliares? O que é inusitado?
-O que se pode aproveitar do que está escrito para ser usado como fio condutor?

c) Relacionar ideias:
- quais as implicações históricas do tema? É possível prever o que ele projeta?
-há possibilidades de relacionar o tema com a literatura? Ao cinema, pintura , escultura…
- a partir de um relato histórico, literário, imaginário, é possível discutir o tema?
d) Vivência linguística:
Encontrar as palavras adequadas para expressar suas ideias.
Utilizar as conjunções adequadas para estabelecer as relações de sentido entre as orações.
Usar recursos de estilo para tornar o texto mais didático e, por isso, mais acessível ao leitor.
Usar recursos de estilo para fugir ao senso comum e evitar repetições desnecessárias.

Muitos alunos confundem analogia x comparação.
A analogia difere da comparação, porque dispensa a presença da conjunção COMO e assume caráter poético. A analogia é um processo metafórico. Construí-la, do início ao fim de um texto, é uma operação sofisticada que envolve:
Uma excelente leitura do tema proposto;
Cultura pessoal;
Grande capacidade de observação;
Criatividade para estabelecer relações de ideias.
Grande abraço no coração de todos e até a próxima.

Contato

Apresentando dúvidas ?
Mande suas dúvidas e na medida irei respondendo.
rfallaci@alincafrancesa.com.br

Regras ortográficas

A pedidos de amigos e leitores um novo post a respeito das novas regras de Ortografia. Abaixo coloquei as principais mudanças.

Principais Mudanças
- As paroxítonas terminadas em “o” duplo não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”,“enjôo” ou “vôo”, será “abençoo”, “enjoo” e “voo”.
- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do substantivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”,”ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
- O hífen vai desaparecer do meio de palavras, com exceção daquelas cujo prefixo termina em “r”, casos de “hiper”, “inter” e “super”. Assim, passaremos a ter “extraescolar”, “aeroespacial” e “autoestrada.
- O hífen passa a ser utilizado em palavras compostas cuja última letra do primeiro elemento é igual à primeira letra do segundo, como: micro-ondas, anti-inflamatório.
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como “louvámos” em oposição a “louvamos” e “amámos” em oposição a “amamos”.
- O trema (brasileiro) desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”, “w” e “y”.
- O acento diferencial deixará de ser usado, como em “pára” (verbo) de “para” (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”. O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.

Pronomes oblíquos

Na fala do cotidiano, no colóquio, é muito comum escutarmos e falamos com amigos de forma coloquial, usando uma norma que não é considerada adequada à reprodução em meios formais. Desse modo, quando vemos uma foto antiga podemos reproduzir períodos como “Nossa, eu vi ela ontem!”. Se analisarmos com minúcia o período exemplificado, notaremos que, segundo a norma culta, existe um desvio na construção: o uso pronome ela. Para se adequar a norma culta, o referido pronome deveria ser subtituído pelo seu oblíquo átono respectivo: a.
Ora, mas o que significa isso?
Os pronomes pessoais são divididos, principalmente, em dois grupos: os retos e os oblíquos; esse último, por sua vez, dividido ainda em tônicos e átonos. Esse fator da língua, tão distante para nós falantes do português brasileiro, é um resquício de declinação nominal que existia no latim; ora, como nosso verbo conjuga dependendo de sua significação, o nome declinava de acordo com sua função no período. Assim, segundo os gramáticos antigos, um pronome que exercia função de sujeito, caía rectus, ou seja, em noventa graus em cima de seu verbo, e aquele que era objeto da expressão verbal caía obliquus ao verbo, isso é, com um ângulo oblíquo em relação ao verbo, como acontecem com as retas em geometria analítica.
Os pronomes oblíquos podem ser tônicos, isso é, com um som forte, ou átonos, com um som fraco. Isso nos remete à reprodução desses pronomes pelos falantes do português europeu, que realmente diferenciam muito a tonicidade desses pronomes. Para nos facilitar, lembre que os pronomes tônicos não sempre precedidos de preposição (como para mim) e os átonos não (como me). Lembre-se que os pronomes oblíquos átonos da língua portuguesa são me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos; ainda mais os tônicos são mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, ele(s), ela(s), nós, conosco, vós e convosco.
Sendo assim, os pronomes oblíquos devem ser usados quando são alvo da expressão verbal, ou seja, se se viu a amiga ontem, isso é, a amiga é alvo da ação de ver, a construção deve ser “eu a vi ontem!”.

O uso dos pronomes oblíquos átonos requere um pouco mais de atenção, já que sua colocação perante o verbo pode variar, gerando o que conhecemos como próclises (pronome colocado antes do verbo), ênclises (pronome colocado depois do verbo) e mesóclises (pronome colocado entre o verbo).
Usa-se próclise a maioria das vezes, já que o português brasileiro é proclítico, isso é, favorece a próclise. Sendo assim, quando há expressão negativa, construções adverbiais, conjunções subordinativas, pronomes indefinidos, demonstrativos e relativos há uso de próclise como em “Quem me busca a essa hora tardia?”.

Usa-se ênclise mais raramente, e em sua maioria em contextos formais. Essa deve ser aplicada quando há um imperativo afirmativo, como em “Vá lá e diga-lhe que quero um barco!”, quando o verbo iniciar a oração, como em “Chamaram-nos cá ontem”, quando o verbo estiver no gerúndio, como em “Despediu-se, beijando-lhe a face”, e ainda quando o verbo estiver no infinitivo regido pela preposição a, como em “Passaram a cumprimentar-se depois daquilo”.

Usa-se mesóclise ainda mais raramente, já que é uma construção praticamente inutilizada tanto na língua coloquial quanto na culta. Ela aplica-se quando existe um verbo no futuro do presente, como em “Far-lhe-ei quando pedir”, ou ainda quando há um verbo no futuro do pretérito; como a excêntrica frase de nosso ex-presidente Jânio Quadros: “Bebo porque é líquido, se fosse sólido, come-lo-ia”.
Atente-se ao uso desses pronomes átonos, mas não force o uso de ênclises para deixar seu texto culto, às vezes pode soar excêntrico como nosso ex-presidente ao dizer “fi-lo porque qui-lo!”, então fá-lo porque o exige!

E se eu usar "se"

E se eu usar esse se? (parte um)
E aí, gente, tudo bom? Gramaticando de hoje tratará de um assunto um pouco mais técnico da área: as possíveis classificações do “se”.
É importante lembrar, inicialmente, que existem palavras aparentemente iguais, mas pertencem a classes morfológicas diferentes. Um caso clássico é o “a”, existindo como artigo (A menina chegou), pronome oblíquo (Ele a chamou) e preposição (Chegou a uma conclusão). Com o “se” ocorre o mesmo, existindo a conjunção (Se eu pudesse, faria) e pronome oblíquo (O homem se perdeu).
Nos exames vestibulares é comum ser cobrada a diferenciação entre os quatro usos do pronome oblíquo “se”. Hoje, falaremos especificamente sobre dois deles: o pronome reflexivo e a partícula integrante (os outros dois usos, Partícula Apassivadora e Índice de Indeterminação do Sujeito, serão explicados no próximo “Gramaticando”).


Pronome reflexivo
“O menino se cortou”
Estão lembrados da voz reflexiva? Ela ocorre quando o sujeito pratica e recebe a ação descrita no verbo, como na frase acima (O menino se cortou), que poderia ser uma paráfrase de “O menino cortou a si mesmo”. Quando o se faz referência ao sujeito da oração, indicando que ele também sofre a ação, ele será um pronome reflexivo e, sintaticamente, classificado como Objeto Direto (uma vez que ele complementa o sentido do verbo transitivo direto cortar, no exemplo supracitado).

Partícula Integrante
“Ele se queixou”
No português existem verbos que pedem a presença de um pronome para que faça sentido, como os verbos: queixar-se, chamar-se (Ele se chama João), acabar-se (Ela se acabou na festa), entre outros. Quando o verbo for pronominal, o se será uma partícula integrante, não tendo função sintática. Note que, diferentemente do pronome reflexivo, o sujeito não pratica e recebe a ação (ninguém se queixa para si mesmo, chama a si mesmo ou acaba consigo).
Resumindo: quando o “se” não indicar que o sujeito pratica e recebe a ação, ele será uma partícula integrante.

Tranquilos os conceitos? Na próxima pubicação, estudaremos a Partícula Apassivadora e o Índice de Indeterminação do Sujeito, que merecem uma atenção maior para a diferenciação.
Obrigado pela atenção, um beijo no coração e até a próxima!