O ENEM É A FÓRMULA I DOS VESTIBULARES
Não está escrito em lugar nenhum, nem no manual, nem no cabeçalho da prova, nem nas dicas dadas pelo INEP, mas, se você, estressado candidato/a a uma vaga numa faculdade pública observar, sem muita atenção, o que o derrota na prova criada pelo MEC não é a dificuldade dos testes, muito menos o tema da redação, nem mesmo o conteúdo massacrante das disciplinas. O que o derrota no ENEM é o tempo. Se você não for um Schumacher do marcar X, está perdido.
São 04h30min no sábado para resolver 90 testes (45 de ciências humanas e 45 de ciências biológicas). No domingo, serão mais 04h30min (45 de linguagens e códigos e 45 de ciências exatas) para resolver 90 testes e confeccionar uma redação entre 20 e 30 linhas, em 1h.
Para piorar um pouco a sua vida, os examinadores exigem que você apresente hipóteses e sugestões para resolverem a problemática levantada pelo tema. Levando-se em conta o tamanho do enunciado das questões e o grau de dificuldade de cada uma (o MEC afirma que há questões fáceis, médias e difíceis), o aluno terá uma média de 2 a 3 minutos para resolvê-las.
Vou lhe contar um segredo, caro postulante a uma vaga em universidade pública, caso não tenha percebido a armadilha: Você não terá 04h30min para fazer a prova, mas apenas 4h. Por quê? Ora, porque terá de deixar 30 minutos para marcar o gabarito. Não adianta acertar a questão no rascunho e marcá-la errado no gabarito. Essa parte precisa da sua máxima atenção.
O tempo é o maior fator de eliminação nas provas de vestibular. Se o aluno é bom e lento, perde fácil para um médio e rápido. Ele terá de “chutar” questões sem lê-las. Mas, aí, vem o MEC e inventa a TRI (teoria da resposta ao item) para avisar a todos os interessados que não tolerará os tais “chutes” na prova. Haja contradição. Não queremos que o aluno chute, mas não lhe damos o tempo necessário sequer para ler os testes. Queremos que ele disserte sobre um tema apresentando reflexões e hipóteses, contudo ele mal conseguirá ler o tema e algumas partes da coletânea.
Aviso ao candidato: procure ir ao banheiro antes da prova. Durante a prova, significa deixar de resolver muitos testes. Não leve nada para comer. Abrir uma barrinha de cereais significa deixar de fazer vários testes. Não pare para pensar, não duvide da sua primeira impressão, não refaça um pensamento, não olhe para o lado, não pergunte nada ao fiscal, não… não… não… de jeito nenhum.
Só para você ter uma ideia do absurdo, a FUVEST oferece 5h ao candidato para os mesmos 90 testes. A UNESP, mais consciente, oferece 5h para 84. Se a ideia é privilegiar o aluno de escola pública, quase sempre com dificuldades financeiras para comprar jornais, revistas e livros, o tiro saiu pela culatra. A prova está à feição de quem lê mais ou tem maior acesso á leitura. Cada um desses vestibulares oferece 2h para o aluno confeccionar uma redação ao estilo da do ENEM.
A regra do jogo é simples: não agarre em nenhuma questão, aja como num teste de QI (não sabe, passe para frente). Marque as questões que não resolveria de jeito nenhum e deixe-as para o chute, caso não dê tempo de terminar. Não chute nada sem ler, muitos testes podem ser resolvidos por eliminação ou a resposta estará no próprio enunciado. No domingo, faça a redação e depois os testes: ela sozinha vale 100 pontos e ainda é o primeiro critério de desempate. Faça-a a lápis na folha definitiva e depois de corrija os pontos conflituosos. Passe a caneta por cima. O examinador não corrige textos a lápis.
A principal dica é: leia sobre os principais fatos desse ano, principalmente sobre os que tiveram grandes desdobramentos no segundo semestre. Concentre-se nas aulas de cultura geral e esqueça o “decoreba”. Feche a apostila e vá para o cinema, abra um jornal e/ou uma revista. Leia. Informe-se. Invista no seu “repertório” cultural. Aperte o cinto e pise no acelerador. Uma boa noite de sono e uma boa refeição leve farão o resto do trabalho. Sorte? Ah! Boa sorte. Você vai precisar.
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